CINISMO E HOPOCRISIA, DEEM UM TEMPO!

Há dias, caiu o ministro Orlando Silva, dos Esportes e do PC do B. Antes, cinco ministros outros haviam caído, sob a mesma alegação.E outros mais ainda cairão, se a mídia investigativa quiser e a presidente Dilma aceitar a dança.Não importa o partido, a trajetória, a legitimidade popular, nada.E se a imprensa desejar, com fôlego redobrado, e “atitude cívica” contumaz, caem todos do congresso, cassados, e grande parte do judiciário também.

Muito simples: o sistema eleitoral brasileiro é a origem de toda a corrupção e contamina, com seu dedo podre, todos aqueles que se aventurem por essa atividade da vida nacional.

A Constituição de 1988, criando esse nosso presidencialismo mitigado, em que o presidente não tem força definidora e o parlamento manda muito, praticamente “forçou a barra” de um novo caminho para as eleições, a obrigação irrecusável de constituírem-se maiorias que garantam a “governabilidade” do esquema política da vez.E isso passou a custar dinheiro. Muito dinheiro!

Não que antes uma graninha não rolasse no processo. Para imprimir os “santinhos”, colocar o combustível nas Kombis que iam “caçar” eleitor no dia da votação, pagar uns caraminguás ao cabo eleitoral que garantiu os votos da família e dos amigos, enfim o varejo das campanhas dentro de um sistema capitalista que nada faz sem dinheiro.

De uns 25 anos pra cá, no entanto, a coisa mudou de tom e de valor.Numa eleição para deputado federal, o candidato precisa de fazer várias “dobradinhas” com candidatos às assembléias legislativas que, por sua vez, não raro, se apoiam em prefeitos, que mantêm conexões básicas com vereadores, que precisam sempre “agradar” seus eleitores.Estes, por acharem que “político é ladrão” e tendo aí a oportunidade de “tirar algum” do larápio graúdo, vende seu voto de acordo com sua importância: liderança de bairro, cabo eleitoral da cidade, chefe de família grande, etc.É muito dinheiro girando.E é assim para todos os cargos.

E aí entram os financiadores, com destaque para as grandes empreiteiras.De olho nos grandes negócios a serem feitos com o governo federal, aproximam-se dos candidatos e/ou partidos e abrem, generosamente, os cofres para “ajudar” as campanhas, pedindo em troca, apenas, a alma e o voto.Partidos ou candidatos menos contemplados pelo grande dinheiro dessas empresas, uma vez com a mão num naco de poder, inventam ONGs amigas pelas quais drenar a grana alimentadora da próxima campanha.Um dia, os “varões de Plutarco” da Veja ou da Folha descobrem um esquema e a casa do pobre coitado cai.Escândalo nacional!Políticos corruptos!Indignação nas ruas e na tela da TV.Passado o clamor, chega o momento do judiciário e os tais “bandidos de toga”, segundo a corregedora Eliana Calmon, levarem o seu.Proscrastinar e até anular o processo de um corrupto endinheirado custa caríssimo!

O Brasil virou refém desse esquema e poucos têm interesse em mudá-lo.Quem aí que me lê toparia lutar por um sistema eleitoral que banisse o dinheiro privado das eleições? Se não começar por aí, é cinismo e hipocrisia de quem nada quer mudar.

Fonte: http://www.jorgeportugal.com.br/blog/